12 outubro, 2009

Face Ceifadora

Face Ceifadora


O aspecto menos compreendido da Grande Mãe - e, por isso, o mais temido - é a Deusa Negra, a Face Ceifadora.
Assim como a Donzela, a Mãe e a Anciã regem etapas do eterno ciclo da vida - do nascimento, amadurecimento e do declínio, a Deusa Negra encerra o ciclo e representa a decomposição e a morte.

Como Ceifadora, ela é a destruidora de tudo que esgotou seu tempo, de tudo que cumpriu sua finalidade e não serve mais. É ela quem limpa a terra após a colheita para o repouso necessário à germinação de novas sementes. Seu poder é da Lua Negra, dos mistérios ocultos na escuridão, do vazio e do silêncio que antecedem o surgimento da luz, o inicio do dia e o começo de um novo ciclo. Ela ensina que sem morte não há renascimento, sem fim não pode haver um novo começo, sem dissolução do velho não há a renovação.

Como mestra da escuridão, ela orienta e conduz ao encontro da sombra, o aspecto perturbador e renegado do próprio ser. Se você pedir sua ajuda e tiver a coragem de mergulhar nas profundezas de seu mundo interior para descobrir, encarar, reconhecer e aceitar sua sombra, você encontrará sua autêntica identidade, livre das máscaras da personalidade.

Confrontar, contemplar e assimilar o poder da sombra representam a verdadeira iniciação nos mistérios da Deusa Escura e da Lua Negra, iniciação que exige, como preço, mudanças, transformações e novos rumos.


Abraçar a sombra significa aceitar-se assim como você realmente é, mescla de dor e alegria, medo e coragem, conquistas e perdas, sucessos e fracassos, acertos e erros, luz e sombra. Somente assim encontrará seu verdadeiro e completo poder de mulher e a integração de sua totalidade.

São manifestações da Deusa Negra: Hécate, Kali, Baba Yaga, Lilith, Cailleach, Morrighan, Hel, Ran, Sekhmet, Ereshkigal, Coatlicue.
Outro aspecto que foge da costumeira manifestação da Deusa Tríplice, relacionada à lua crescente, cheia e minguante, é a Rainha, conhecida como a Imperatriz e as rainhas dos naipes do tarô.

Esta face da Deusa corresponde à fase da lua balsâmica, entre a lua minguante e a negra. Ela rege a maturidade, entre os 45 e os 55 ou mais anos, da mulher que ultrapassou ou negou a fase da maternidade, que está no auge e plenitude de sua expressão, afirmação e realização, mas que ainda não atingiu a sabedoria da Anciã.
Nesta fase, chamada de pré-climatério, ocorrem mudanças no corpo físico, a mente torna-se inquieta, os pensamentos são voláteis e tumultuados, a percepção é aguçada, a sensibilidade exacerbada, as emoções em conflito.

É um período de inquietação e aparentes contradições, de mudanças de gostos e atitudes, de busca do algo vago ou indefinido no campo espiritual, profissional ou afetivo. Surgem temores em relação ao futuro, o medo do desconhecido, a preocupação com o envelhecimento, ainda mais em uma sociedade que enaltece o valor e o viço da juventude.

Dependerá da mulher passar por esta fase com dor ou com a alegria de quem já venceu batalhas, cumpriu deveres, plantou e colheu e está se aproximando de um tempo de paz e realização interior, com a segurança da experiência e as promessas de futura sabedoria.

Abençoar esta fase, rever o passado e transmutar os resíduos com o auxílio da Deusa Negra, agradecer à Donzela e à Mãe pelo plantio e a colheita, são medidas recomendáveis que abrem as portas para a grande mudança, quando seu sangue não mais será vertido, mas retido em seu ventre, e quando o tempo assinalará sua coroação - não mais como Rainha, mas como uma Sábia Mulher Coroada, herdeira das Matriarcais e das Mães de Clã do passado ancestral.




24 setembro, 2009

Sacerdócio e Responsabilidade

Todos os dias recebo emails, com perguntas ou dúvidas sobre o Caminho que sigo, dentre as campeãs a mais óbvia é "Como eu viro uma Bruxa?", mas hoje li um artigo que reflete bem pelo que passa os caminhantes de muito tempo e os novos caminhantes.

Sacerdócio e Responsabilidade



Estudar Bruxaria alguns meses, talvez até mesmo o tão famoso “um ano e um dia”... Realizar alguns rituais em honra aos Deuses (ou não), praticar alguns feitiços, pendurar um pentagrama no pescoço e vestir uma capa ou as vezes nem mesmo isso – infelizmente para alguns esses atos, das quais os mesmos nem compreendem seu simbolismo, tornam-se atos suficientes para se auto-intitularem sacerdotisas e sacerdotes dos Antigos – quando não suma-sacerdotisas e sumo-sacerdotes Deles.
Alguns ao lerem esse texto poderão questionar e mencionar o fato de que na Bruxaria existem muitos caminhos, muitas sendas e muitas maneiras da mesma ser praticada. E isso sem dúvida é uma verdade irrefutável. Entretanto é indubitável que para se praticar qualquer tipo de Magia, ser bruxa ou sacerdote é IMPRESCINDÍVEL haver responsabilidade, aliada a um real conhecimento sobre o que se está fazendo e sobre o que significa trilhar um caminho espiritual pautado no autoconhecimento e no conhecimento sobre tudo aquilo que nos cerca. MAIS responsabilidade ainda quando se envolve outras pessoas na jornada e quando há estabelecido o dito “vínculo mágico”, isto é, dedicar e iniciar outras pessoas.
Percorri pelo menos quatro anos de estudo e muita prática antes de me auto-Iniciar na Arte. Andei mais algum tempo para receber uma Iniciação em um grupo e somente após muita intimidade, muita compreensão a respeito do meu próximo e dos meus Deuses, tornei-me capaz e senti-me verdadeiramente apto para transmitir a Iniciação e fazer de meus pupilos sacerdotes. Somente ao beirar uma década de Caminhada, estarei recebendo o reconhecimento de minha congregação para atingir o sumo-sacerdócio e me tornar responsável por um Coven e é dessa forma que tem sido com todos os grupos sérios conhecidos que não estão aí simplesmente para aparecer e brincar de fazer feitiço, mas para trazer de volta à tona aquilo que nossos antepassados ajudaram a jogar nas covas e fogueiras: O CULTO AO DIVINO DA TERRA, AOS DEUSES ANTIGOS!
E vejam, estou longe de querer afirmar que tempo é fator indispensável para definir o conhecimento ou a sabedoria de outrem. O fato é que existem coisas que estão estampadas no rosto de quem se expõe e na boca de quem fala – nos atos de quem os comete.
Infelizmente, nossas crenças ainda tem sido alvo de ofensas e chacota pública – agora, nem sempre pelo fato de alguns acreditarem que cultuamos demônios ou deuses antigos – mas sim pelo horror que temos visto ao nos depararmos com pessoas, cujo realmente desconhecemos o verdadeiro objetivo, praticarem “Iniciações em massas”, se auto-proclamarem sumo-sacerdotes em três meses e fundarem covens em duas semanas. Que tipo de seriedade está sendo passada à comunidade, quando essa se depara com esse tipo de prática? Onde se encontra a responsabilidade, a coerência e o discernimento?
Será que essas pessoas sabem o que significa serem sacerdotisas e sacerdotes do Divino? Independente da maneira que essas o chamem: Deusa, Deus, Deuses ou Grande Espírito, o Grande Corpo e Grande Mente Divina Universal faz de seus sacerdotes instrumentos sagrados atuando no mundo, não somente falsos arlequins apresentando rituais que não passam de um show de calouros e um enorme desrespeito àqueles que há muito estão suando, tentando dar uma visibilidade positiva ao Culto. Ser sacerdotisa ou sacerdote significa ser aquela ou aquele que conduzem o ato sacrifical, o sagrado ofício e conhecem profundamente o seu significado. Ministrar esse ato ao próximo demanda IMENSA RESPONSABILIDADE, pois este significa LITERALMENTE alimentar àquele que chega a sua porta e aos seus rituais. E em nome dos Deuses, só podemos servir o melhor – acima de tudo, saber preparar e conhecer o que estamos servindo.
Minha capa sacerdotal, minhas honrarias e meus instrumentos não possuiriam valor algum se não simbolizassem meu rastejar pela lama, meus literais auto-sacrifícios, meu acompanhar da vida e da morte de animais e humanos, o carregar de corpos e caixões, o ministrar de bênçãos às crianças, a enfermos, enamorados e moribundos, minhas antigas e modernas danças aos Deuses de minha Casa, às muitas vezes que conscientemente chorei e que ri com Eles, os meus ritos diários de culto e devoção incondicional Àqueles cujo dedico e entreguei minha vida como instrumento perpétuo e inviolável para Sua atuação no mundo e na minha comunidade.
Ser bruxa(o) ou sacerdote(isa) significa ser mais do que ser mulher ou homem. Significa ser uma extensão viva e consciente da ação da Natureza em carne humana. Significa saber ministrar o sagrado ofício e conhecer sua profundidade e sua necessidade para a continuidade dos ciclos. Não basta falar ou aparecer, é preciso coerência, verdade e acima de tudo RESPONSABILIDADE.
Abençoados sejam por Aqueles que tudo vêem, tudo sabem e jamais se esquecem.








02 setembro, 2009

Horóscopo das Flores

Horóscopo das Flores

ORQUÍDEA
(de 13/12 a 5/1)
Na China antiga, as orquídeas eram associadas às festas da primavera. As pessoas que são regidas por este signo irradiam alegria e felicidade. Elas possuem uma pureza espiritual, que transmite paz e harmonia.
A flor também está associada à fertilidade. Assim, quem é Orquídea, é capaz de produzir com extrema facilidade. A criação faz parte da sua natureza. Não há por que ficar preso na terra. Não gostam da rotina, do senso comum, da mediocridade, seu mundo é o da imaginação.
PEÔNIA
(de 6/1 a 2/2)

A Peônia é, na China, um símbolo de riqueza, em razão do porte de sua flor de cor vermelha. O maior valor de quem é regido por esse signo é a honra. São pessoas valorizadas por seus feitos e que transmitem extrema confiança. Elas estão associadas à imortalidade e por onde passam deixam saudades. Mas é preciso deixar a vergonha e a timidez de lado. Quem é Peônia precisa saber se mostrar, se valorizar. Às vezes, é bom desabrochar para a vida.
CRAVO
(de 3/2 a 1/3)
Representa o amor puro e inocente daquele que nasceu para ajudar o próximo. Quem é Cravo, sabe dividi. O Cravo também está ligado à política e à religião. É uma pessoa que briga pela igualdade social, capaz de colocar os interesses da sociedade, do grupo e da família à frente das suas aspirações particulares.
NARCISO
(de 2/3 a 21/3)
Segundo a mitologia grega, embora amado pelas ninfas, o jovem Narciso era apaixonado pela própria beleza. Preso à sua imagem refletida num lago, o jovem foi transformado numa flor igualmente bela, considerada na Grécia como símbolo da primavera.
Como não poderia deixar de ser, quem nasce sob o signo de Narciso carrega consigo a vaidade, qualidade importante na construção de sua imagem. Quando desabrocham para a vida, ficam em evidência e podem mostrar ao mundo suas principais virtudes. Ora pacientes, ora ousados, são capazes de alcançar o sucesso devido a sua perspicácia. O que lhe permite se sair bem nas mais diversas situações.
GÉRBERA
(de 22/3 a 20/4)
A Gérbera representa a inocência da criança. Quem nasce sob o signo de Gérbera é delicado, sensível e amoroso. Uma pessoa bela em todos os sentidos. Espécie exótica e cheia de variedades, tem a vida regada por seus sentimentos. Umas são quietas e conquistam seu espaço com apenas um olhar e um sorriso, enquanto outras são mais extravagantes e comunicativas. Em comum, elas têm a sensibilidade.
AMOR-PERFEITO
(de 21/4 a 10/5)
Quando um homem enviava um vaso de amores-perfeitos para uma mulher, queria dizer que a sua amada não lhe saía da cabeça. A flor designa o pensamento masculino. É o signo de quem gosta de refletir sobre todos os aspectos da vida. É uma pessoa que tem uma enorme facilidade para libertar a mente, meditar e contatar a Deusa. O verdadeiro Amor-perfeito é aquele que consegue se desprender do mundo material.
PAPOULA
(de 11/5 a 31/5)
A Papoula representa a terra. Quem nasce sob o seu signo, traça um caminho e corre atrás dos seus objetivos pessoais e profissionais, sempre em busca do novo. Na verdade, quem é Papoula, vive a sua vida e sabe ficar quieto no seu canto. Sua palavra é a independência. Na Rússia, permanecer uma Papoula significa ficar sozinho ou solteiro. Este signo também está fortemente ligado ao sono e ao esquecimento.
CRISÂNTEMO
(de 1/6 a 23/6)

Quem nasce sob o signo de Crisântemo passa alegria aos olhos e prima pela organização, o equilíbrio e a justiça. Tudo o que realiza é espontâneo. Seu emblema é a simplicidade. Flor símbolo do Japão, era usada para
forrar o trono do imperador. Está associada
às idéias de longevidade e imortalidade. Seu nome originou-se das palavras gregas chysos (ouro) e anthemon (flor), pois a primeira espécie cultivada era amarela. Representa a beleza e a perfeição.
VIOLETA
(de 24/6 a 11/7)
É a flor da modéstia. Quem nasce neste período, está sempre realizando grandes ações, sem esperar nada em troca. Carrega consigo sensibilidade, timidez e tenacidade. É aquela pessoa que encontra o equilíbrio entre os sentidos e o espírito, a paixão e a inteligência, o amor e a sabedoria. O verdadeiro papel da Violeta é o da mediação. Os seres marcados por esse signo também gozam de tranqüilidade e paz espiritual.
LÍRIO
(de 12/7 a 5/8)

O Lírio é sinônimo de brancura e, também, inocência e virgindade. Quem é regido por Lírio, nasceu com alma pura, livre de preconceitos. A flor também é símbolo da fertilidade, por isso é característica das pessoas deste signo viver em função da família. Além disso, elas têm muita fé na força divina.

GIRASSOL
(de 6/8 a 28/8)
Por ser uma planta alta que se destaca sobre as outras flores do jardim, o Girassol simboliza orgulho e nobreza. Quem veio ao mundo neste período tem tudo para se dar bem na vida profissional. As pétalas cor de ouro desta flor estão associadas ao dinheiro, à riqueza e à prosperidade. Sua energia solar o leva a brilhar em todos os campos da vida. As pessoas deste signo estão aqui para trabalhar, fazer o mundo girar e serem reconhecidas por tudo isso.

ROSA
(de 29/8 A 23/9)
A rainha das flores evoca o espírito de liderança e organização. As pessoas do signo de Rosa nasceram para comandar e não, para serem comandadas. Elas usam os espinhos como escudo para enfrentar as batalhas da vida. Uma das virtudes é não mostrar suas fraquezas. Por outro lado, a origem da rosa remonta ao mito de Adônis. Do sangue do amado de Afrodite (Vênus) teriam brotado as primeiras rosas vermelhas. Assim, quem é Rosa, também é apaixonado pela vida. Não desiste nunca, mesmo nos momentos mais difíceis. Acredita que sempre é possível plantar uma nova semente e renascer.
TULIPA
(de 24/9 A 18/10)
É uma flor de origem turca que virou mania na Europa no século XVI e tornou-se símbolo da Holanda. Seu nome vem da palavra "tulipan", que significa turbante. É o signo das estrelas, dos artistas. Quem é Tulipa tem tudo para conquistar fama e notoriedade. Sua semente foi plantada aqui na Terra para trazer alegria e divertimento.
AMARÍLIS
(de 19/10 A 7/11)

Amarílis é o nome de uma pastora que aparece na obra do poeta Virgílio, e a palavra, de origem grega, quer dizer deslumbrante. Também conhecida como açucena, é sinônimo de "orgulho" na linguagem das flores. Assim, quem é regido por Amarílis, é uma pessoa difícil de se cultivar, lidar e cativar. Poucos conseguem entender a sua natureza. Ao florescer, ela sabe usar como ninguém o seu brilho para ofuscar os outros. E isso incomoda.
ÍRIS
(de 8/11 A 12/12)

A Íris é uma flor primaveril que garante os favores divinos. Quem nasceu neste período incorpora o papel de purificador das almas e protetor dos homens. É o fiel escudeiro, o conselheiro, o médico que é capaz de fazer tudo para
ajudar o outro. Simboliza o mensageiro
que faz a ligação entre nós e a Deusa. Sua missão aqui é disseminar coisas boas, afastar as doenças, os espíritos malignos e a tristeza.

18 agosto, 2009

De volta à Idade Média

De volta à Idade Média
Não concorde com a concordata de Lula e do Papa

ELIANE BRUM

ebrum@edglobo.com.br Repórter especial de ÉPOCA, integra a equipe da revista desde 2000. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de Jornalismo. É autora de A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo)

A primeira vez que vi um crucifixo no plenário do Supremo Tribunal Federal, acima da cabeça do presidente, achei bizarro. Como a corte máxima da Justiça de um país laico pode ostentar o símbolo religioso do catolicismo?

Como se sentem os evangélicos, judeus, umbandistas, budistas, espíritas, muçulmanos e também os agnósticos e os ateus ao descobrirem que a corte laica prioriza uma religião? Estado laico pressupõe a separação Estado-Igreja. Ou seja, o Estado respeita todas as religiões, mas esse é um assunto da esfera privada de cada cidadão. As religiões, nenhuma delas, interferem nas questões do Estado, que tem o dever de governar, julgar e legislar no interesse de todos. Tenham a religião que tiverem – ou não tenham nenhuma.

Na Idade Média, os papas tinham poderes tão grandes e muitas vezes maiores que os reis sobre a vida – e a morte. A separação Estado-Igreja deu origem aos estados modernos e ao Ocidente como hoje o conhecemos. Em 1776, a Declaração de Independência dos Estados Unidos foi um marco nessa direção, ao determinar as bases para a liberdade religiosa e os direitos civis.

Assim como a Revolução Francesa, em 1789, ao tirar o poder das autoridades religiosas. No Brasil, a separação Estado-Igreja e a proteção à liberdade de crença já é um valor desde a Constituição de 1891. Vale a pena lembrar das aulas de História, porque vamos precisar reaprender antigas lições. Há um golpe em curso contra o Estado laico – e contra o cidadão brasileiro. Contra mim e contra você.

Em 13 de novembro de 2008, o presidente Lula e o Papa Bento XVI assinaram o que se chama de "concordata", um acordo entre o Vaticano e o governo brasileiro, com o argumento de "regulamentar o Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil". Primeira pergunta: por que a Igreja Católica, que chegou ao país junto com Cabral, precisaria regulamentar alguma coisa? E justo hoje, quando as projeções mostram que o Brasil tende a ser um país cada vez menos católico e mais multirreligioso? Como o Vaticano tem esse ambíguo status jurídico de Estado, embora seja um Estado que só existe para organizar e propagar uma religião, a concordata tem o valor de um tratado internacional, bilateral. Não pode ser rompido por um dos signatários, só por ambos.

Em 20 artigos, o texto interfere em questões como o ensino religioso confessional na escola pública, efeitos civis do casamento religioso e o reconhecimento de que não há vínculo empregatício entre padres e freiras com as instituições católicas.
Sempre me incomodou que a escola pública de um estado laico tenha ensino religioso confessional. Como cidadã, acredito que a escola pública deveria ter mais carga horária, melhores e mais bem pagos professores. Como aluna de escola pública que fui, gostaria de acrescentar ao currículo matérias como filosofia, latim e grego, entre outras.

E aumentar a carga horária das demais disciplinas. O ensino da religião, inserido no contexto social e político, eventualmente pode ser interessante, se for ministrado por um professor com boa formação na área. Mas não encontro nenhum argumento que faça sentido para a presença no currículo do ensino religioso confessional. Esta não deve ser a prerrogativa da escola, mas das denominações religiosas. Se você quer dar ao seu filho uma educação religiosa, que ele a tenha dentro da igreja ou templo. Se você acha que seria bom ter dentro da escola, então o matricule numa escola privada confessional.

A Constitução de 1988, que avançou em tantos temas, contém um artigo que prevê oferta obrigatória de ensino religioso, com matrícula facultativa. Há um movimento em curso na sociedade brasileira para rever esse artigo, que contraria o princípio da laicidade do Estado. Em seu uso mais abusivo, as escolas públicas do Rio de Janeiro, no governo de Rosinha Garotinho, usavam as aulas de religião para ministrar a doutrina do criacionismo – uma visão religiosa sobre a origem da vida que nega a teoria da evolução de Charles Darwin. Ou seja, um desserviço à boa qualidade do ensino, tema tão caro e delicado para qualquer nação que pretenda ter grandeza no seu futuro.

E, com o perdão do trocadilho, usada com má fé, já que tenta enfiar goela abaixo dos estudantes uma visão religiosa como se fosse científica. A concordata assinada por Lula e pelo Papa precisa ser aprovada pelo Congresso brasileiro para vigorar. Tem tramitado por lá sem maiores alardes, o que, em si, já é curioso. Na quarta-feira passada, 12 de agosto, foi aprovada pela Comissão das Relações Exteriores da Câmara. Precisa passar ainda por mais três comissões, mas como corre em regime de urgência, pode ser votada no plenário nos próximos dias.

Aí vem a segunda pergunta: você não consegue lembrar de no mínimo algumas dezenas de projetos que merecem urgência porque lidam com questões vitais para todos os brasileiros? E, em vez disso, se arrastam pelo Congresso há anos? Algum de nós, cidadãos – católicos e não-católicos –, consegue imaginar por que motivo a "Regulamentação do Estatuto Jurídico da Igreja Católica" seria urgente para a nação brasileira? Isso, por si só, bota algumas pulgas atrás não de uma, mas das nossas duas orelhas. Diante das críticas de que o acordo fere o princípio da laicidade do Estado, a CNBB afirma que tudo o que está lá já é previsto na Constituição.

É verdade.

E aí somos imediatamente levados à terceira pergunta: se já está na Constituição, por que precisamos de um acordo? E por que o Papa e os bispos estão tão empenhados na sua aprovação?

Mais umas três dúzias de pulgas.

Se o acordo for aprovado, como discutir o artigo constitucional sobre o ensino religioso na escola pública? E o que acontece com as escolas públicas que usam o ensino religioso para estudar a história da religião no contexto sócio-político de cada época – e não para ministrar aulas confessionais? O mais grave, porém, é que o artigo da tal concordata – o nome é horrível, não?

– fere a Constituição em pelo menos dois de seus princípios mais caros:

1) ao fazer um acordo com uma denonimação e não com todas as outras, está privilegiando uma religião em detrimento de todas as outras, ferindo o artigo constitucional que proíbe o tratamento diferenciado entre cidadãos por razões de ideologia, crença ou culto;

2) ao fazer um acordo com uma determinada denominação, fere o princípio da laicidade do Estado. Estado Laico é aquele que não interfere em questões religiosas e não estabelece relações de dependência ou aliança com crenças religiosas ou seus representantes. Portanto, não faz diferença entre brasileiros por sua escolha religiosa. Caso o acordo entre o Vaticano e o governo brasileiro seja aprovado pelo Congresso, terá força de lei e será incorporado à vida nacional. Teremos dito "sim", por meio de nossos representantes, à ingerência de uma denominação religiosa, a Igreja Católica, no Estado, que tem por dever moral e constitucional zelar por todos os cidadãos, católicos e não-católicos.

É um precedente grave, perigoso e muito retrógrado. Um dos artigos, o que determina que não há vínculo empregatício entre padres e freiras com a Igreja, por exemplo, é tema da Justiça trabalhista. Uma denominação religiosa não pode estar acima da Lei de um país.

É o Estado que deve decidir – e não uma das partes interessadas. E ainda não há Jurisprudência unânime sobre esse tema. Outro artigo, o do casamento, abriria espaço para que a Justiça brasileira seja obrigada a aceitar sentenças de anulação matrimonial do Vaticano.

Você acha que, no Brasil do início do terceiro milênio, isso faz algum remoto sentido? Para que fique claro: sou agnóstica, meus pais são católicos praticantes, tenho excelentes amigos católicos, espíritas, budistas, judeus, muçulmanos, umbandistas, do candomblé, do batuque e também ateus. É essa a maravilha do Estado laico: o exercício da tolerância e do respeito à escolha do outro.

Respeito profundamente a religião de meus pais e as dos meus amigos – e eles respeitam profundamente a minha escolha de não aderir a nenhuma confissão religiosa. Somos todos cidadãos que respeitamos as escolhas uns dos outros e convivemos em paz. O Estado laico é exatamente isso: ele garante que ninguém será perseguido ou discriminado por sua crença.

Muito diferente dos Estados teocráticos que conhecemos, por exemplo. Eu não quero a ingerência da Igreja Católica – e de nenhuma outra crença religiosa – no Estado que me representa. A supremacia de um credo em detrimento do outro é sempre fonte de intolerância e de desrespeito. Contraria todos os nossos mais caros princípios de igualdade de escolhas. Acho uma boa ideia conhecer a fundo esse acordo para exercer a nossa cidadania, nos posicionarmos como cidadãos de um Estado laico e democrático. Se a concordata for aprovada, vai afetar a nossa vida. E poderá abrir espaço para mais mudanças que não queremos e não precisamos.

A França discute hoje se deve permitir que muçulmanas usem burca nos espaços públicos. Até mesmo os Estados Unidos, de longe o país mais religioso do Ocidente, proibiu um monumento dos Dez Mandamentos em dois tribunais – e manteve em um terceiro, porque estava ao lado de outras obras de arte. No Brasil, a discussão da legitimidade dos crucifixos em repartições públicas chega com mais de um século de atraso.

Na França, eles foram retirados em 1880. Minha sugestão é que, enquanto não há uma decisão sobre os ícones católicos na esfera pública, todas as religiões peçam isonomia, com base no princípio constitucional que não permite que se faça diferença entre os cidadãos por sua crença religiosa. Enquanto o bom senso não prevalecer, sugiro a instalação da imagem de Xangô ao lado do crucifixo, a representação do Buda, um retrato de Alan Kardec etc. E um espaço em branco para aquelas religiões que não usam imagens e também para nós, agnósticos e ateus.

Pelo menos o senso de Justiça, nesse caso específico, prevaleceria no Supremo Tribunal Federal. E a ingerência religiosa no espaço público daquele que se define na Constituição como um Estado laico se tornaria clara. Temos, porém, um desafio mais urgente. Como cidadãos, precisamos nos posicionar e pressionar os parlamentares que legitimamos com nosso voto a recusar esse acordo tão flagrantemente inconstitucional.

Devemos caminhar cada vez mais em direção à tolerância das diferenças – e não para reforçar privilégios de uns em detrimento de outros. Queremos ser mais igualitários – e não elitistas. Para botar mais algumas pulgas em todos os lugares do seu corpo – especialmente no cérebro –, rememore o que o Papa Pio X (1903-1914) disse sobre o Estado laico, na encíclica Vehementer nos: "tese absolutamente falsa", "erro perniciosíssimo", "em alto grau injurioso para com Deus". Você pode argumentar que a encíclica tem mais de um século. É verdade. Só que nunca foi revista ou revogada. Ou seja, é exatamente o que o Vaticano e o atual Papa Bento XVI, que representam um dos dois lados do acordo, acreditam.

Quem faz o país somos nós – seja pelas nossas boas ou pelas nossas más escolhas. É só assumindo nossa responsabilidade e exercendo a cidadania que nos tornamos capazes de barrar abusos e conquistar um Brasil mais justo. Essa é uma boa hora para lembrar disso.

Fonte: Revista Época, Colunistas

06 agosto, 2009

MPF pede para União retirar símbolos religiosos


A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão em São Paulo ajuizou uma Ação Civil Pública pedindo que a União retire todos os símbolos religiosos em repartições públicas federais no estado de São Paulo.
Segundo o Ministério Público Federal, inúmeras pessoas se dirigem aos prédios da União diariamente e tem a sua liberdade de crença ofendida diante da ostentação pública de símbolos religiosos não relacionados com a fé que professam. No pedido feito à Justiça Federal, o MPF pede aplicação de multa diária simbólica no valor de R$ 1 para servir como um contador do desrespeito que poderá ser demonstrado pela União, caso não cumpra a determinação judicial. O MPF pede prazo para a retirada dos símbolos religiosos de até 120 dias após a decisão.
O pedido do MPF se baseou no argumento de que, apesar da população brasileira ser de maioria cristã, o Brasil optou por ser um Estado laico. Com isso, não há vinculação entre o poder público e determinada igreja ou religião, onde todos têm o direito de escolher uma crença religiosa ou optar por não ter nenhuma, assegurado pelo artigo 5 da Constituição Federal.
Segundo o procurador regional dos Direitos do Cidadão e autor da ação, Jefferson Aparecido Dias, cabe ao Estado proteger todos essas manifestações religiosas sem tomar partido de nenhuma delas.“Quando o Estado ostenta um símbolo religioso de uma determinada religião em uma repartição pública, está discriminado todas as demais ou mesmo quem não tem religião afrontando o que diz a Constituição.”


22 julho, 2009

Dois bilhões de pessoas viram eclipse solar total

O eclipse foi o mais longo do século 21, e tomou toda Ásia passando por Índia e China













21 julho, 2009

Eclipse Solar - China e Índia ficam na escuridão




O eclipse solar total mais longo do século 21 ocorre na próxima quarta-feira, e mergulhará em completa escuridão a China e a Índia, os dois países mais povoados do planeta, onde contos e mitologias evocam o fenômeno.
O astrofísico americano Fred Espenak definiu este eclipse do Sol como um fenômeno gigante, que poderá ser observado por 2 bilhões de pessoas, um recorde na história da humanidade.

A partir das 06h23 na Índia (21h55 em Brasília), a noite voltará a cair um pouco depois do amanhecer no estado de Gujarat.
Depois, a escuridão se irradiará por um corredor de 15 mil km de extensão e 200 km de largura, atravessando a Índia, o Nepal, o Butão, Bangladesh, Mianmar e China, e alcançando também as ilhas japonesas de Ryukyu.
"Será o eclipse mais longo do século. Nenhum de nós viverá o suficiente para ver outro igual", afirmou Federico Borgmeyer, diretor da agência de viagens alemã Eclipse City.
O Sol ficará bloqueado pela Lua durante seis minutos e 39 segundos em uma zona pouco habitada do Pacífico, um recorde de duração para um eclipse que só será quebrado em
2132.
A escuridão, no entanto, durará 3 ou 4 minutos na Índia e 5 minutos em Xangai.
O sexto eclipse total do século tomou conta da atividade comercial e turística no Extremo Oriente, a região geográfica ideal para aproveitar este fenômeno astronômico.
O Parque das Esculturas de Xangai, o melhor lugar de observação da cidade, anunciou que vendeu 2.000 entradas para 22 de julho, com óculos especiais incluídos e camisetas comemorativas. Os hotéis estão lotados.
Na Índia, a agência Cox and Kings fretou um Boeing 737-700 que decolará de Nova Déli antes do amanhecer, "interceptará" o eclipse total a uma altitude de 41 mil pés (12,5 mil metros) e voará para o leste, até o Estado de Bihar.
Os 21 lugares do avião do lado do Sol foram vendidos por 1.200 euros.
Enquanto isso, na cidade santa de Kurukshetra, norte da Índia, espera-se a chegada de um milhão e meio de de peregrinos para se banharem durante o eclipse.
Na Índia e na China, os contos e mitologias evocam nos eclipses o anúncio de boas fortunas, mas também de maus presságios.
O eclipse dessa quarta é "um momento muito perigoso no Universo", adverte Raj Kumar Sharma, um astrólogo de Mumbai. "Se o Sol, o senhor das estrelas, está doente, então acontecerá algo de grave no mundo", prevê.
Astrônomos e meteorologistas temem principalmente que as nuvens desta época de chuvas de monção no subcontinente indiano atrapalhem o espetáculo.
A antiga mitologia chinesa diz que os eclipses são causados por um cão ou um dragão celestial devorando o sol, e as pessoas batem em panelas e tambores para tentar afugentar os supostos animais.

15 julho, 2009

Ritual do Renascimento

Fênix

Ovídio nos fala da seguinte maneira sobre a Fênix: "A maior parte dos seres nasce de outros indivíduos, mas há uma certa espécie que se reproduz sozinha. Os assírios chamam-na de fênix. Não vive de frutos ou de flores, mas de incenso e raízes odoríferas. Depois de ter vivido quinhentos anos, faz os ninhos nos ramos de um carvalho ou no alto de uma palmeira. Nele ajunta cinamomo, nardo e mirra, e com essas essências constrói uma pira sobre a qual se coloca, e morre, exalando o último suspiro entre os aromas. Do corpo da ave surge uma jovem fênix, destinada a viver tanto quanto a sua antecessora. Depois de crescer e adquirir forças suficientes, ela tira da árvore o ninho e leva-o para a cidade de Heliópolis, no Egito, depositando-o no templo do "Sol".
Tal é a narrativa de um poeta. Vejamos a de um narrador filosófico.

"No consulado de Paulo Fábio, a milagrosa ave conhecida no mundo pelo nome de fênix, que havia desaparecido há longo tempo, tornou a visitar o Egito" - diz Tácito. "Era esperada em seu vôo por um grupo de diversas aves, todas atraídas pela novidade e contemplando maravilhadas tão bela aparição".
Depois de uma descrição da ave, que não difere muito da antecedente, embora acrescente alguns pormenores, Tácito continua: "O primeiro cuidado da jovem ave, logo que se empluma e pode confiar em suas asas, é realizar os funerais do pai. Esse dever, porém, não é executado precipitadamente. A ave ajunta uma certa quantidade de mirra, e, para experimentar suas forças, faz freqüentes excursões, carregando-a nas costas. Quando adquire confiança suficiente em seu próprio vigor, leva o corpo do pai e voa com ele até o altar do Sol, onde o deixa, para ser consumido pelas chamas odoríferas.”
Outros escritores acrescentam alguns pormenores. A mirra é compacta, em forma de um ovo, dentro do qual é encerrada a fênix morta. Da carne da morta nasce um verme, que quando cresce se transforma em ave.
Heródoto descreve a ave, embora observe: "Eu mesmo não a vi, exceto pintada. Parte de sua plumagem é de ouro e parte carmesim; quanto a seu formato e tamanho são muito semelhantes aos de uma águia."
O primeiro escritor que duvidou da crença na existência da fênix foi Thomas Brown, em seus "Erros Vulgares", em 1646. Suas dúvidas foram repelidas, alguns anos depois, por Alexander Ross, que diz, em resposta à alegação de que a fênix aparecia tão raramente: "Seu instinto lhe ensina a manter-se afastada do tirano da criação, o homem, pois se fosse apanhada por ele, seria sem dúvida devorada por algum ricaço glutão, até que não houvesse nenhuma delas no mundo”.
Este ser encantado traz consigo um ensinamento valioso: O de renascer das cinzas.

Quem já esteve em uma situação de cogitar toda sua existência e chegou a duvidar da utilidade de sua vida pode buscar o poder deste ser fabuloso para encontrar um novo modo de viver.
Particularmente, as bruxas são geralmente pessoas que já foram muito machucadas.
Quer seja por um grande golpe em sua alma extremamente sensível, por um amor que não soube merecer o coração puro e verdadeiro dos filhos da Deusa ou por um mundo onde o poder dominador do patriarcado, ou de toda forma de opressão, tolheu o direito de viver plenamente sua religiosidade, sexualidade e cidadania, encontrando na Bruxaria um abrigo onde pode se desenvolver e compartilhar suas experiências.


Dançando com a Fênix:
Ervas e incensos: Angélica; cânfora; Aniz.
Cores: amarelo e dourado
Material:
2 velas amarelas ou douradas
1 vela azul claro
1 vela marrom
Incenso de cânfora
Caldeirão com 3 dedos de água e 13 folhinhas de hortelã
Bastão de amora
Óleo de mirra
Óleo de rosas
Óleo de patchouli
O efeito esperado:
Resgatar a dignidade e o amor próprio

O Trato
Prepare antes os objetos.
Prenda a vela marrom no fundo do caldeirão. Adicione a água até uns 3 dedos de altura e espalhe as folhas de hortelã. Reserve.
Procure um local fechado e protegido de curiosos. Dispa-se e trace o círculo como de costume. Esse encantamento deve ser feito em nudez, pois ninguém nasce ou renasce com roupas. Sente-se de frente para o norte e unte a vela marrom com o óleo de mirra.
Acenda a vela marrom . De olhos fechados, comece uma busca pelos fatores que te feriram tanto. Visualize e sinta este poder nas mãos. Traga-o para suas mãos até que elas se fechem e se crispem voluntariamente. É preciso que sinta este poder bem vivo tentando te dominar, mas sem permitir que te turve o raciocínio e a percepção. Mantenha a calma.
Após conseguir capturar esta força destrutiva, jogue-a com as mãos dentro do caldeirão. Como se estivesse se livrando de melecas que grudaram em seus dedos.
Respire fundo. Acalme-se e prepare-se para entrar em contato com seu espírito.
Vire-se para o oeste e a vela azul com óleo de rosas.
Acenda a vela azul. Visualize um lago calmo onde você nada como uma sereia. Não se preocupe, pois agora você está em casa. Revire cada recife, cada planta, pedra ou habitante deste lugar. Descubra cada canto deste paraíso. Cada cor, cada nuance. A água morna em sua pele. Quando estiver satisfeita, volte para a margem e se despeça do povo das águas. Abra os olhos.
Agora, vamos reconstruir seus caminhos. Fitando a chama da vela azul, busque soluções para suas dores, por mais absurdas que possam parecer. Imagine como seria sua vida se você pudesse contornar ou resolver este problema. Assim será!
Com esta sensação de poder construtivo invadindo seu ser, vire-se para o sul.
Agora você está plena. Unte a vela dourada e acenda. Você fará um compromisso com este poder que emana do fogo e com você mesma. Comprometa-se a ser diferente a partir daquele instante. Você renasceu das próprias cinzas. Sua dor, ao invés de te matar, te fez mais forte. Mentalize seu espírito emanando fogo etéreo pelos poros. Um fogo que não queima, mas que ilumina tudo ao seu redor.
Volte-se novamente para o norte e encare a vela marrom com firmeza. O poder que antes te fazia sofrer agora nada mais é que uma fagulha comparada ao seu poder pessoal. Com respeito, mas firme, determine que nunca mais será abalada por essas energias. Diga que você aprendeu com elas, que cumpriram seu papel e que não são mais necessárias em sua vida. Com a varinha mágica, mexa o caldeirão em sentido anti-horário enquanto mentaliza as energias se desintegrando e voltando para o seio da Mãe Terra. Permita que a vela queime até que a água apague a chama. Então mastigue algumas folhinhas de hortelã, que agora é um antídoto contra os venenos que te consumiam antes de seu renascimento.

Desfaça o círculo mágico como de costume. Guarde os restos das velas. Quando tiver oportunidade, desprograme as velas para que possam ser novamente utilizadas a serviço da Deusa.

Seja bem-vinda a nova vida!